"PALVRAS DE UM DEFUNTO,
ANTES DE O SER"
Capítulo IX
Autobiocómica
O
jogo da Bilharda e o baseball Americano.
O
foguete “mosca-abelha” e o foguetão tripulado
“Amor
inconfessado”
*
Finalmente,
estando a chegar quase no epílogo destas linhas e, como seria normal, deveria ver-se aqui uma
autobiografia descritiva da minha pessoa mas, pela "extensa riqueza (?) da mesma" e, ao mesmo tempo, para não roubar tempo aos leitores bem como papel e tinta á editora – se
bem que eu acredite seriamente (tenho que
acreditar em algo… não?) que neste último aspecto seria eu a pagar o cuato do papel – em vez de incluir todos os aspectos dignos e
relevantes (?) da minha autobiografia pessoal, optei por “fugir” mais uma vez á normalidade, e não incluir uma
verdadeira autobiografia. Em substituição, optei por incluir algo semelhante, de estílo
humorístico – pelo menos essa é a minha intenção – cuja aprsentação é feita fictíciamente pelo meu “assessor” (?) literário, tal como irão notar já de
seguida, através da narração da mesma, feita na 3ª pessoa.
Do meu lado, voltarei mais
tarde.
Por isso… até logo!
- Olá “queridos
leitores e queridíssimas leitoras”!
Sou eu, o
assessor literário do autor. Tenho 12 anos mas bem rodados e, por isso, o autor
confiou em mim – como lhe competia devido aos laços familiares que existem entre
um e outro porque, de outra forma, para que raios servem os laços de família?
Assim, com a
vossa bendita (?) e compreensiva compreensão, por algum lapso de “olvido involuntário” – recordem que
só tenho ainda 12anos – faço sinceros votos para que não tenham dormido como
eu… que passei a noite com um olho aberto, e outro fechado… defeito “genético” de 5ª geração que, segundo a
ciência da genética, serei o último – detesto
ser o último, mas não posso evitar sê-lo – da linha familiar a
carregar com este problema… se é que é problema algum…porque, eu até já
ouvi dizer que, em certas circunstâncias, até é bom a gente dormir com um olho
fechado e outro aberto. Só que, comigo foi ao contrário. Um aberto e outro fechado.
E, por mencionar
“ao contrário”, por a caso até me recordo
de ter ouvido dizer – a quem não sei mas, que ouvi, ouvi – que ao contrário “mija a burra” e, ao recordar-me disso,
até parei de escrever e fui ver lá fora onde estava uma burra presa a uma
árvore, enquanto o dono da mesma tinha ido a
beber um copo – creio até que acompanhado pelo “autor”. Mas, tenho que dizer que não posso afirmar que assim
tivesse sido. Posso crer que tenha sido assim, mas é tudo.
Então, e como
dizia, fui lá a ver bem se seria verdade “aquilo”
de “ao contrário mija a burra”, mas,
por uns bons 20 minutos não fui capaz de ver nada porque a burra tinha o rabo
para baixo.
Mas, de repente,
ela alça o rabo, baixa um pouco as pernas traseiras, e não é que realmente a
burra “mijou” realmente para o lado
de trás? E, logo se seguida, começam a cair uma bolas acastanhadas, fumegantes
ainda, que mais pareciam uma espécie de figo preto. Mas não era figo. Era tudo
menos figo. Mas pronto, fosse o que fosse, a mim o que me interessava era saber
se era verdade aquela coisa de “ao contrário
mija a burra” e, de facto, assim é senhor, porque eu bem vi!
Portanto,
voltando ao facto de eu ter dormido com um olho aberto e outro fechado, assim á primeira, alguns
dos leitores até poderão dizer que é a mesma coisa mas, a verdade é que não é
e, como tal, se quiserem ateimar comigo ateimem porque eu não vou a ateimar
nada, quando sei de antemão que tenho razão. E, se não souber que tenho razão,
então é que não ateimo mesmo para não perder.
Mas, aqui só
digo que não é a mesma coisa e pronto. Se quiserem mais explicação,
perguntem-me pessoalmente em
pessoa, quando se cruzaram comigo. Faço votos também para que todos ainda
tenham emprego que, como é do conhecimento geral, é aquela actividade para a
qual a gente costuma ir todos os dias e, dependendo da classe de actividade que
cada qual tiver, tentar exercê-la calmamente até chegar a ansiada hora de regressar
a casa para ver a televisão ou brincar com os filhos e animais, incluindo cães
e gatos.
Por acaso, o
autor não tem gatos mas, tem 1cão e 2 pássaros que, por acaso são bem lindos e
amorosos. Digo isto porque, como moro perto, já tive a oportunidade de os ver.
Mas, voltando
aos votos que fiz antes sobre o “emprego”…
de facto, antes de fazer os votos que fiz, eu até era para fazer votos para que
ainda “tenham trabalho”… mas, por
não se tratar da mesma coisa, achei que não devia misturar “alhos com bugalhos”, porque – factos
são factos – lá porque uma pessoa perde o emprego, não significa que perca o
trabalho. Na realidade, quantos e quantos não
trabalham mais fora do emprego que no próprio?
Isto é só um
exemplo! Um outro, é o caso das “damas”
donas-de-casa, dedicadas de-alma-e-coração (?) – que remédio? – só ao trabalho
caseiro – que, ás vezes até convém
por causa das telenovelas – e, como tal, sem emprego a que se possa
chamar tal. De facto, não será um facto, até mais que facto, que todas elas –
as damas – trabalham – oh lá se
trabalham! – na sua actividade caseira, todos os dias? Portanto,
as “damas” não têm emprego, mas têm
trabalho e, por isso é que eu disse o que disse.
Continuando com
a incumbência que o autor me delegou – só aceitei porque preciso de ajuntar uns
tostões e, ele, até é um bom “tipper”
– que, em português, é o mesmo que dizer que costuma dar boa “gorjeta” – e, assim, "deixo" qualquer outro comentário
sobre emprego ou trabalho, para outra ocasião.
Mas, só o farei
após consulta de quem acaso vier a ter curiosidade em saber mais sobre o
assunto porque, na realidade, a missão da qual eu fui incumbido, foi substituir
o autor na redacção do referido texto “substituto”
da autobiografia dele que em princípio, até era a minha intenção, devido a que
até nem ficaria bem ao autor, escrever ele mesmo a sua própria “autobiografia”.
O problema foi
que, ele se recusou peremptoriamente a prestar quaisquer dados biográficos
pessoais na intenção de uma autobiografia real. Eu não insisti porque, quando ele
ateima numa coisa… melhor não insistir devido a que, por tudo quanto sei, ele
tem um problema com um dos seus – dele
claro, autor, e não do leitor – testículos que, quando se enerva, é um caso
sério. Assim, não insisti.
Permitam-me
confessar algo sobre o que digo. É que, o autor, é teimoso que nem um “mulo”! Conheço-o muito bem há longos
anos, mesmo ainda antes de nascer (?) porque – lá isso é certo ser mentira
mas, também é certo que, se digo o que digo, foi porque o meu pai me o disse. E,
como tal… o que eu
queria dizer era que, a teimosia do autor, nasceu com ele, viveu e vive ainda
com ele
– mas não é a
mulher dele – e apostaria um “bom
tinto” (41) , que vai morrer com
ele.
E, sobre a última
frase, “que vai morrer com ele” faço
votos que isso não ocorra até eu ter 100 anos - 25 para o autor, que tem agora
67 e, 88 para mim – o assessor dele porque, como já disse, tenho agora 12.
O aumento de 8 anos
em longevidade, deve-se ao facto de eu acreditar na ciência e, pelo que já ouvi
dizer, a mesma está a fazer progresso em predizer a extensão da vida, com o
andar dos tempos. Resta é saber se, valerá apena viver, o tipo de vida que se
irá ter.
Bem, aqui
chegado, creio que vou meter mãos á obra e iniciar o texto substituto que
refiro mais atrás. Mais a mais que, eu, ao aceitar escrever o que vou escrever usando
todas as referências na 3ª pessoa, foi debaixo da condição que o autor teria
que estar presente para ir relatando ou aclarando qualquer dúvida que acaso eu viesse
a ter. Deste modo, aproveitando o facto que o autor acabou de chegar depois de
ter ido dar uma volta e, como é costume, de certeza que fez isso, bebeu um
“merlôt” ou dois, no clube português aqui da área. Deste modo, aí vai o texto em
questão, intitulado…"Autobiocómica".
Nascimento
e propósito
O autor, teve a
fortuna de ter vindo mundo, numa época bastante conturbada, quando quase todos
os povos do mundo, andavam em guerra. Nasceu a 15 de Janeiro de 1945 mas,
devido a que, na aldeia onde nasceu – o Alcaide – o meio de transporte mais
usado era “a burra ou o burro” –
conforme o autor salienta, várias vezes nas páginas deste livro – o registo de
nascimento só pode ser feito dois dias depois – 17/01/1945.
Aconteceu que,
conjuntamente com a humidade que existia em Janeiro, a qualidade do papel usado
para os registos, de mortos e vivos, era muito foleiro, tipo papel--pardo-mata-borrão, resultando
com isso que, a pontinha no cimo do ‘1’, para a esquerda, e a base
tipo-tracinho abaixo do mesmo 1 do número 15 mareou pelo papel afora, transformando-se
quase num dois.
Diz-se, quase
num 2 mas, na realidade é que assim foi porque, quando mais tarde foi
necessário pedir um documento comprovativo do nascimento de tão “rara” criatura, a pessoa a cargo dos
arquivos – que até era o professor da aldeia – ou, melhor dizendo, o professor
dos alunos lá da aldeia – insistiu que, estivesse ele “com copos ou não” e que, como tal, “se calhar já via duplo” – 1+1 – que, o 1 era um 2. Deste modo, não
havendo forma de resolver o assunto, o autor ficou oficialmente registado como
se tivesse vindo ao mundo a 27 de Janeiro de 1945.
Aconteceu até
que, esta coisa da tinta “marear”
pelo papel afora, casou vários conflitos ao ponto de, com o tempo, alguns dos
mortos registados como tal, continuarem a viver por mais algum tempo – uns mais
outros menos, dependendo das circunstancias – porque, quando foi necessário aos
familiares do “já defuntado”
solicitar uma certidão de óbitos, o zeloso oficial, guardião dos arquivos – o
mesmo professor – insistiu que, o “defuntado”
em questão… mesmo tendo sido um facto factual de ter morrido num ano a terminar
em 1… como exemplo, um morto, ter “morrido”
mesmo em 1941, o dito oficial insistia que, só tinha morrido em 1942 devido a
que, o 1 também tinha mareado. Desta forma, o
morto mesmo já morto, continuou a estar vivo – pelo menos no papel – por mais
um ano.
Bem, mas
continuando com o nascimento do autor – e como e quando nasceu – mesmo assim,
atrasado por causa “deste pequeno percalço”,
ainda veio a tempo para acabar com o flagelo da guerra que “flagelava” quase o mundo inteiro e
obviamente, tratando-se de por fim a tão grande conflagração, mais semana menos
semana até nem tinha muita importância porque, o importante era acabar mesmo
com a mesma.
Finalmente, este
fim foi alcançado após cerca de 4 meses da vinda do autor ao mundo e, devido a
que nem sequer gatinhava ainda, teve que pedir boleia a vários burros e burras,
para chegar ao local onde os intervenientes do conflito, andavam mais
assanhados. Por fim, em Maio de 1945, alcançou o objectivo – missão primária do
seu “envio” á Terra já que, o mesmo,
trazia como missão secundária, o “brincar
aos meninos”, com garotas lá da aldeia do autor.
Infância
A infância do
autor foi recheada de fértile abundância de “falta-de-tudo-e-mais-alguma-coisa”, tal como o trinca-trinca-do-dia-a-dia e, também, do calçado que – para que conste
bem constado – o primeiro par de botas, foi expressamente encomendado á “prestigiosa” fábrica italiana do “pé-descalço” a qual, por não ter mãos a
medir, só pode satisfazer a encomenda feita, quando o autor fez exame da 4ª
classe, aos 11 anos.
Aqui, neste
ponto, convém dizer que, a encomenda do calçado, constou de um par de botas
cujo cabedal foi seleccionado com todo o rigor, com monitorização do animal que
viria a dar origem ao mesmo, a começar pela qualidade dos pastos onde o mesmo
animal pastava acompanhado pelo “dono do
mesmo”, para que, desse modo, fosse impedido qualquer tentativa do mesmo animal,
de se aproximar de alguma erva ou arbusto menos fibroso o que, como é óbvio,
causaria que a qualidade do cabedal a ser utilizado na confecção das botas,
perdesse a elasticidade e a durabilidade desejada – esperada e necessária –
que, perante tanta fartura de miséria, saber-se-ia lá, quando é que, um novo
par de botas seria possível adquirir, na dita fábrica.
Ao mesmo tempo,
uma exigência feita era que, as solas deveriam ser protegidas com protectores
tipo blindagem, bem como a biqueira de cada bota, deveria ser revestida com uma
chapa metálica previamente levada á forjem, de modo a que a sua resistência
aumentasse substancialmente para enfrentar qualquer eventualidade de sofrer
escoriações previamente previstas, devido às antecipadas traquinices próprias
de um “teenager” … ainda por cima,
um “irrequieto, refilão e malcriado”, conforme é mencionado nalgum lado nestas
linhas, nalguma das páginas interiores deste livro.
FALTA ADICONAR FOTO.
Ver foto antiga,
quando o autor tinha 8 anos, juntamente com alguns familiares, incluindo o pai
dele. Apreciem bem apreciado o tipo de “calçado” que o autor usava (?) já
naquela idade, bem como o e dois outros dos seus irmãos.
Reparem no
tipo de calçado (?) do garoto (autor) logo a seguir ao senhor de chapéu – pai
do autor – e nos pés da segunda garota (irmã), em pé da esquerda para a
direita, bem como nos pés do segundo garoto (irmão), da esquerda para a direita,
sentado.
Uma outra
exigência era que, os atacadores deveriam ser suficientemente longos para que,
quando o autor caminhasse pelas “avenidas” lá da aldeia dele – quase todas
térreas, arenosas e de pedregulhos de todo o tipo e tamanhos – pudessem ser
atados um ao outro… ou seja, o atacador de uma bota devia de ser atado ao
atacador da outra, para poderem ser carregadas ao ombro, afim de se evitar
qualquer “esfarrapadela”, quando caminhasse pelas ditas “avenidas” da dita
aldeia.
A sola-couro a
usar, deveria de – em conjunto com todos os outros requisitos já mencionados –
ter origem num dos animais considerados “sagrados”, de modo a que, por sim por
não, tivesse algum efeito “mágico” – uma espécie de influenciar religiosamente
o autor – para que só calçasse as botas aos Domingos e em dia de Festa. E isto,
até talvez fosse possível de alcançar devido ao facto de que, o autor, conforme
é referido nestas linhas, até andava bem embicado com a religião ao ponto de
ter estado quase, mas mesmo quase, a entrar para um seminário, conforme é
também referido.
Entretanto,
antes que fosse tarde de mais, apesar da encomenda das botas “demorar tantos anos a ser satisfeita” recebeu
uma advertência que ainda hoje lhe está a “zunir”
nos ouvidos – segundo ele – referente a que… “AI DELE” – o autor, claro – que algum dia tivesse o desplante de ir
jogar á bola de botas calçadas. Se, a isso se atrevesse – e dele era de esperar
tudo e mais alguma coisa, se não fosse bem admoestado – eram uma vez umas botas
“italianas” pagas pela fartura da miséria existente na casa dos pais do autor.
Bem, continuando
com a descrição da “adolescência” do
autor pois, com botas novas, lá fez o exame da 4ª classe mas, como se recusou a
ir para o seminário, toca a “alinhar”
a dar serventia a pedreiros, até lhe aparecer o seu 1º “grande emprego”,
altamente (?) remunerado quando, ao fim de seis meses sem ganhar nada, passou a
receber 250 centavos por dia, contribuindo, assim, desta forma, para atenuar
significativamente o enorme desgaste financeiro que os pais do mesmo faziam
diariamente, com 340 centavos de gastos, somente para o bilhete do comboio, de
ida e volta, porque sempre era mais barato.
Nota: O valor do bilhete de volta, só era
contabilizado e dado ao autor, nos dias em que ele fazia falta para regressar o
mais rápido possível a casa ou para melhor dizer, para condizer com a
realidade, ele, o autor, ao apanhar o comboio das 5:15 no Fundão, deveria de
chegar á sua aldeia – o Alcaide – cerca das 5:30 e, claro, principalmente no
verão, ao chegar á estação-apeadeiro (?) deveria fazer exercício – que até fazia e faz bem á saúde
– correndo estrada acima primeiro e, caminho empedrado serra cima, para se
juntar á sua mãe ou a outro seu irmão que já lá andava numa das hortas
arrendadas para que, ou incumbir-se de regar os feijões ou lá o que quer que
fosse e, também, para que carregasse de regresso um cesto com hortaliça,
batatas, maçãs ou lá o que fosse.
Claro que, no
Inverno, como os dias anoiteciam mais cedo – pelo menos lá na aldeia do autor –
e, como o autor já não chegaria a tempo de, ainda com a luz do dia, já não poderia
ir serra acima para fazer o que quer que fosse. Deste modo, o encargo financeiro
dos pais do mesmo era tremendamente reduzido, uma vez que passava a ser somente
o suficiente, para uma viajem.
Assim se o autor
quisesse chegar a tempo de poder ver uma garota que trazia “no goto” quando esta regressava a casa,
vinda de uma horta da família dela, situada também lá na encosta serra, o autor
só tinha que descalçar as botas italianas e, mesmo todo farrusco na cara e mãos
– não se lavava para não
perder tempo – e,“oh-pata-do-pé-descalço-para-que-serves-tu-se-não-para-zarpa-res-a-toda-velocidade-para-veres-se-chegas-ao-Alcaide-antes-do-comboio”
e, como tal, correndo linha afora, para ver se conseguia ainda chegar a
tempo de poder ver a tal garota á qual, o autor dedica um poema de sua autoria,
no final destas linhas.
Amores, são amores!
Aqui, neste
ponto, o autor, que sempre pensou por si mesmo, sem medir as consequências e
sem pedir a opinião de ninguém, quando recebia a “diária” de 340 centavos, para o bilhete de ida e volta ele,
querendo tentar ludibriar a sua progenitora – que o mesmo será dizer, a sua
própria mãe – que lhe dava o que dava, na antecipação quase garantida que, se
acaso lhe desse mais do que isso, ele – o autor – poderia entusiasmar-se com
tanta fartura e gastá-los em rebuçados, daqueles que tinham embrulhados bonecos
de jogadores de futebol.
Mas, pior ainda,
poderia vir a perdê-los se ele decidisse “trocar
as voltas” á mãe e, em vez de apanhar o comboio, decidisse correr pela
linha afora, podendo dar origem a que, tal como aconteceu a um dos seus irmãos,
referido nalgum lado nestas linhas, nas páginas interiores destes livro, as
moedas saltassem do bolso para o meio das pedras da linha férrea.
Educação profissional e “iliterária”
O autor,
seguindo os passos de um dos seus irmãos que, na ocasião, era pastor de guardar
cabras o qual, aproveitando o tempo de “laser”,
enquanto observava as cabras a pastar, ia imaginando como “baptizar” o leite de
modo a que conseguisse algum leite extra, para oferecer – grátis – á família do
autor. Deste modo, o irmão do autor, após se ter tornado num “especialista” no “baptismo do leite”, incentivou o autor para que, aproveitando os seus “dons naturais” de poder assimilar as
tarefas mais difíceis, ingressasse no… Internacionalmente afamado Instituto Politécnico
dos Mixordeiros Profissionais… o que, o autor, aproveitou sem pestanejar
acabando por entregar-se com afinco a tal missão, especializando-se – refinadamente, diga-se desde já
– em baptismos de vinho, seu néctar favorito, conforme fica demonstrado na
maior parte das páginas destas linhas – bem como em baptismos de diversos
produtos alimentícios, tal como – a título exemplificativo – borrifar com água
o arroz ressequido, enquanto no serviço militar, a cargo do armazém da messe de
oficiais da FAP, em Bissau – Guiné (áfrica).
Mas, atenção!
Quando o autor
fazia o que fazia, não era com intenção criminal e, sim, mais na intenção de
salvar “o rabo”, conforme explicação
substancialmente dada no interior das páginas deste livro que, claro, o autor
quer ver se alguém que esteja desempregado – devido á crise – poderá vir a ter
tempo de o ler, após o comprar. É que, Deus livre o autor de tentar desviar
alguém dos seus afazeres diários.
Trabalho é trabalho! Lazer é lazer!
Por isso, quem
estiver empregado e a trabalhar – não os outros que estão ocupados (?) e a “taxar” ao mesmo tempo – não deve perder
tempo a ler nada, porque pode perder o emprego. Assim, pela extrema destreza,
dedicação e eficácia no desempenho de tão “difícil”
e importante tarefa, o autor foi galardoado e obsequiado com nota máxima,
recebendo o diploma comprovativo de tal “feito”,
o qual o autor mesmo contra a vontade de alguns dos seus familiares – ostenta
orgulhosamente na entrada da “manjedoura”
onde, naqueles tempos de garoto, os seus pais davam de comer a uma burra alugada,
uma vez que, a família do autor era tão pobre tão pobre, que nem uma burra
tinha, como propriedade própria.
Frequentou a “prestigiosa Universidade” Montessoriana
da “Puta da Vida”, localizada no
famosíssimo bairro da lata, junto aos luxuriosos subúrbios da Picheleira –
Lisboa – recebendo com alta distinção, o diploma do “Mestrado” de… “como
enganar o turista” quando – a exemplo – como empregado de mesa num
restaurante em Montegordo, ao apresentar o troco ao cliente, escondia sempre uma
nota no lado debaixo da factura, colocando as moedas em cima de outra nota – se
a houvesse – e da factura, para que o cliente tirasse somente essa nota,
deixando as moedas como
gorjeta, em cima da factura – cujo tamanho foi cuidadosamente seleccionada de
propósito, de modo a cobrir na totalidade a bandejazinha – maior que as notas em
uso – onde se apresentava o “bill” ou a conta, como se diz em português – aos
turistas – na intenção que o mesmo não viesse a descobrir a outra nota, que
estava debaixo da factura.
Isto, tal como
constava (?) nos manuais escolares, funcionava 99% das vezes e, se acaso
acontece-se que, o 1% não funcionasse, o autor deveria de usar a maior tranquilidade
possível, sem pestanejar, tentando ser prestável ao máximo, ajudando a vestir o
casaco, tanto á senhora, como ao senhor,
clientes-turistas. Com esta acção, poderia “sensibilizar” o coração do cliente
para que, pensasse bem na gentileza “honesta”
(?) do autor que, ansiosamente esperava que a nota escondida debaixo da factura
não fosse descoberta pelo cliente.
Mas, se tal
sucedesse, e perante a gentileza do autor para com o cliente pois, não havendo
outra alternativa, só restava esperar que a “urdida” funcionasse e fizesse efeito na consciência do cliente para
que, deste modo, a nota descoberta dada já “quase” como perdida, pudesse ainda reverter para o
autor.
Amores:
Aos montes foram os amores
Na maioria, de lastimar…
Mesmo aquele, tido por
aquela
Que, o levou ao altar!
Vejamos!
Sofreu a sua
primeira grande desilusão amorosa quando tinha cerca de 9 anos pelo que, para
afogar o sofrimento sofrido pelo terrível “golpe”,
apanhou a sua primeira “carraspana”
de aguardente logo de seguida, ao regressar de uma estadia de 6 meses, num
hospital em Lisboa, devido a ter partido um braço, clavícula, costelas, etc.
etc., quando caiu de uma burra abaixo, conforme é referido nalgum lado nestas
linhas.
Na ocasião,
aconteceu que, ao regressar do hospital, tomou conhecimento de que, a sua
ex-mini-noiva, se tinha envolvido com um dos seus melhores amigos – perdão, um dos melhores amigos (?) do
autor e não da sua ex. – pelo menos era assim que ele, o autor, o
considerava e, o “ladrão” de
corações, tinha-o atraiçoado na sua ausência, despedaçando-lhe os planos porque
ele, já no comboio de regresso á sua aldeia, vinha a magicar bem magicado que, a
primeira coisa que iria fazer, quando chegasse á sua aldeia, era ir ter com a
que – pensava ele – era só sua e, como tal, seria mais que lógico, irem
direitinhos ao sítio do costume, mesmo ao lado da manjedoura onde a burra que o
pai do autor alugava sempre que precisasse, comia a suas refeições de burra,
compostas de palha de trigo seca, na maior parte das vezes e, aqui e ali, lá
vinha uma erva verde, principalmente para celebrar alguma vitoria do Sporting
já que, tanto o pai do autor, como o mesmo, conjuntamente com o dono da burra,
eram adeptos desse clube.
NOTA DE ÚLTIMA HORA, SÓ AQUI NO BLOGUE PORQUE NÃO CONSTA NO LIVRO
"Pobre burra, se fosse nos tempos de hoje...porque iria comer só "palha seca" meses e meses a fio, atendendo aos resultados do Sporting nos últimos tempos"!
Como tal, até
existia mesmo ao lado da manjedoura, um monte de palha de trigo seca, limpinha
e tudo, local ideal para se “brincar aos
meninos”. Sim!… Essa era a ideia que ele veio a magicar todo o trajecto,
Lisboa--Alcaide.
Agora, imagine o
leitor – e a leitora também – o “choque”
que o coração do autor sofreu quando chegou á sua aldeia e tomou conhecimento
do sucedido!
Pois, nem vale
apena continuar porque, ainda hoje, já com 68 e “going-on” 70 Primaveras
– floridas ou não – se enche de raiva surda, ao lembrar-se do que os malvados –
“o que pensava ser seu amigo e a ex.”,
lhe fizeram.
Deste modo, não
aguentando o desgosto, mais até porque começou a sentir uma comichão na testa,
indicativo que o envolvimento entre a “sua
ex.” e o outro, tinha chegado “ao
facto do acto” que, para bom entendedor, significa que tinham consumado ao
extremo a traição e que, de facto, para ser mais directo, tinham “brincado aos meninos”, nas costas
dele (?).
Quer dizer! Nas costas dele (?) ponto e
vírgula, porque ele não é pessoa que permita que brinquem nas traseiras da casa
dele e, muito menos, nas “traseiras”
dele. Mas, o que se pretende dizer é que, se aproveitaram do acidente que o mesmo
teve com a “dita burra”, para o
atraiçoarem na sua ausência. Assim soa
melhor do que “nas costas” dele.(42)
Traquinices,
enquanto jovem – “teenager”!
Ora, tal como é mencionado várias vezes
nalgum lado nestas linhas, a família do autor realmente era mesmo bem pobre. De
facto, era de tal modo pobre que, conforme as horas passavam, a fome ia
apertando e, não havendo forma de, com choro ou sem choro, que algum milagre acontecesse,
tal como ou parecido com aquele que dizem que aconteceu quando a Rainha D.
Isabel transformou as rosas, em pão – seria verdade? (o autor diz não acreditar
nisso) – só restava ao autor tentar deitar a mão “ao alheio”… mais, até, porque
era muito mais barato.
Mas esta situação agravava-se mais ainda,
quando “um aperto agudo” no “esófago” dava um sinal indicativo, indicando que,
o estômago estava ali um pouco mais abaixo e – aí é que estava o problema –
indicativo que, o estômago estava mais abaixo mas, vazio! É que, o estômago até
podia estar onde estava ou onde quisesse.
Isso não era o problema. O problema era
estar onde estava e no estado em que estava. Pelo menos ali, o estômago não estava
como o “defunto” estava que era, como foi dito várias vezes nalgum lado nestas
linhas, completamente num estado de “mudo e frio”.
Ali, o estômago, estava vivo e bem vivo e,
para que constasse, fazia com que o seu vizinho logo a seguir – o esófago –
fizesse lembrar ao dono e portador dos dois – o estômago e o esófago – que eles
existiam e que, como tal, eles não tinham culpa alguma da “fartura de miséria”
que rodeava a família do autor. Eles, o estômago
e o outro, não se governavam com lamúrias. Eles estavam vivos e bem vivos –
antes não estivessem – e, como tal, havia que fazer algo muito rapidamente,
providenciando aos mesmos algum combustível, Quanto mais depressa, melhor!
Mais!
O estômago não queria saber da origem de,
fosse o que fosse – excepto pedras ou excrementos – desde que lhe fosse
fornecido algo e muito rapidamente porque, por cima ainda, o nariz do autor
cheirava aquele cheiro a “pão trigo”, vindo de uma padaria situada nas
traseiras da casa da família dele, conforme é referido nalgum lado nestas linhas.
E, quando assim era, influenciado ou não pelo dito cheiro, o “aperto no esófago” a comando do
estômago, ainda se tornava mais insistente e mais agudo. Era uma aflição,
aflitamente aflitiva. Daí que, o autor, portador do estômago reclamando manutenção
urgente – antes que gripasse – não tinha outro remédio do que tentar deitar a
mão “ao aleio” a fosse ao que fosse, desde que fosse comestível – excepto o
acima – a fim de tentar “enganar” o dito… que –
pensava ele, o autor – que ele não voltava ao mesmo. Era o não voltavas porque,
aquele gesto de tentar enganar, era “Sol de pouca dura” devido a que… assim era
mesmo. Hora após hora, dia após dia, semana após semana e, o pior de tudo
ainda, é que não se vislumbrava “luz verde” – ou
algo para trincar – na escuridão escura do horizonte próximo e arredores, da
casa da família do autor.
Assim, o andar descalço, até ajudava a
atenuar a situação – embora fosse somente temporariamente – porque, esta coisa
de subir muros para saltar para dentro dos quintais, e subir a árvores de
frutos dos outros, se andasse calçado a coisa poderia complicar-se. Por várias razões
mas, pelo menos por duas essenciais!
Uma – era que, o tempo que perdia a
descalçar-se poderia ser vital na urgência demandada pelo “esófago”, a pedido do
estomago. Duas – era que, se acaso o dono do que quer que fosse a que o autor
andava a deitar a mão aparecesse, o autor corria o risco de ficar sem o calçado
– fosse ele que calçado fosse e, claro que, se tal sucedesse, não só o
esperaria “um ajuste de contas” em sua casa, quando ele aparecesse descalço
como, também correria o risco de voltar a ficar outros 11 anos á espera de novo
par de calçado – botas ou o que fosse. Desta forma, o andar descalço, era de
uma ajuda extremamente importante.
“Graças
Deus” pelo pé descalço.
Não era e nem foi por acaso que, as
primeiras botas demoraram cerca de 11 anos a chegar. Mas, nesta coisa de subir
a árvores, o autor teve a brilhante ideia de, um dia, decidir serrar uma
pernada de uma árvore – figueira, diga-se já – pelo facto de que, na ponta da
mesma, se encontrar lá um ninho de “Papa-figo”, bem como uns quantos figos, que
o autor não conseguia alcançar, devido á fragilidade da pernada. Figos, esses
que, o autor queria e necessitava de “papar” para acalmar as picadas no
“esófago” a sinal emitido pelo estômago.
Assim, não podendo alcançar nem ninho nem
figos, a solução seria e foi… cortar a pernada, numa espécie de operação
cirúrgica “á Cubano”?(43) porque, na mente do autor, funcionava a ideia
de que, se os figos são dados pela figueira para a gente comer, de modo algum
lá iriam ficar.
Garantido! Custasse o que custasse.
Foi aqui que, a agilidade do autor ficou bem
patente porque, quando o autor, começou a serrar a pernada, estava escarrapachado de costas
viradas para a ponta da mesma, local onde o ninho de “Papa-figo” e os figos se
encontravam. Assim, ali a serrar junto ao toro, as consequências foram quase
desastrosas porque, com o peso dele na pernada, esta cedeu mais repentinamente
do era de esperar – ou era de esperar? – e, de repente, catrapum, pum, pum, figueira
abaixo, ficando dependurado numa outra pernada mais abaixo – qual “monkey, chimp” ou qual macaco (?) – e,
muita sorte teve ele, não se estatelar directamente em cima de umas empas
(estacas) que estavam num feijoal, mesmo por baixo da figueira.
Entretanto, e como é mencionado nalgum lado
nas linhas interiores deste livro, o autor, enquanto jovem, além de se dedicar
a “brincar aos meninos” com garotas lá do sua aldeia, também matou um gato
preto – e a razão é bem referida noutro local destas linhas – mas, noutro
aspecto, sempre que alguma garota se fazia rogada, não querendo alinhar no
“brincar aos meninos” então, como é referido, o autor, aproveitando o buraco
existente em quase todas as portas da vizinhança – na ausência dos ocupantes da
casa quando estes iam laborar cada um para a suas hortas e cada qual para seu
lado – ele metia no dito buraco, toda a espécie de “bodega” que lhe desse na
gana… tal como pedras miúdas, bugalhos de carvalho, serradura, etc., etc.., bem
como “m&m’s”(?) de cabra.
Aqui, convém mencionar que os “m&m’s”,
eram mais destinados ás casas daquelas garotas que se faziam rogadas ou se
“armavam” em ser menos pobre que ele – o autor. Ou seja, a família dessas
garotas era pobre mas a caminho de não ser tão pobre como a família do autor e que,
como tal, muitas vezes arrebitavam um pouco o “cachimbo”, olhando
sobranceiramente para o autor, como que dizendo “cresce aparece porque, desta
carne não comes tu”! – “Ai é assim”?… dizia o autor para si mesmo. – “Já vais
ver o que te acontece”!
Então o autor, aproveitando as visitas que
fazia ao seu irmão que era pastor e, perante o que as cabras faziam pelo efeito
das necessidades fisiológicas delas – uma coisa mais que normal, diga-se desde
já – que, periodicamente, tinham que fazer e faziam. É que, se formos a ver bem
as coisas, até é uma coisa natural que todos os animais – incluindo o ser
humano – fazem. Uns mais outros menos e, até em diferentes quantidades,
feitios, cores e sabores (?). Principalmente as cores, e os sabores, é tudo uma
questão do tipo de ingredientes que foram consumidos na véspera, ou nas últimas
horas.
Mas, voltando às cabras, estas lá faziam o
que faziam e, como resultado, fosse o que fosse que fizessem, ficava por ali espalhado
pelo terreno o produto do que faziam. Lá na aldeia do autor, chamava-se a isso,
“caganetas de cabra” – mesmo que ás vezes fossem de chibo – ao produto que as mesmas cabras “expilavam” periodicamente,
se bem que, o autor – por traquina, claro – decidiu apelidar as mesmas
“caganetas” como “m&m’s”!
Para complemento, e como o autor, andava
quase sempre com uma ou duas caixas de fósforos vazias para… se acaso fosse o
tempo das cearas de centeio, o autor meter alguns grãos de lenticão nas mesmas,
se a oportunidade aparecesse, aproveitando a sua baixa estatura, para se enfiar
pelo meio das cearas adentro sem ser visto, devido a que o “centeio” era mais
alto que ele. Ali, no meio da ceara, era só ir vendo se parecia alguma espiga
que tivesse um grão defeituoso (lenticão) para recolher e meter dentro das
caixas de fósforos vazias.
O certo é que nem sempre isso sucedia e,
como tal, ele lá tinha as duas caixas vazias, quando foi visitar o seu irmão
pastor, como já foi dito e, estando ali junto ao mesmo, ele aproveitava a
oportunidade para apanhar umas quantas “caganetas” já secas, metendo-as dentro
das caixas de fósforos vazias. Também poderia apanhar das “caganetas”
ainda fresquinhas – às vezes ainda a fumegar de quentinhas – mas, por uma
questão “higiénica” 44 e, também por uma questão que o possível
“perfume” das mesmas pudesse estar activo em demasia, então, e por isso mesmo,
ele optava quase sempre pelas secas. Mas, se acaso não levasse caixas de
fósforos, pois também não era problema algum porque, se não havia dinheiro para
ele meter nos bolsos, pelo menos podiam servir de algo útil para as ideias dele – o
autor – e, neste caso, usava-os para lá meter os “m&m’s”.
Bem, considerando que os “m&m’s” iam
sempre em caixas de fósforos – uma vez que aquela coisa de irem nos bolsos, era
só temporariamente até serem transferidos para as caixas – o certo era e foi
que, o autor, na primeira oportunidade, embrulhava cada caixa em papel de
jornal, colando com cola das cerejeiras e… ali ficava á espera da primeira garota
que se fizesse rogada e, logo que isso acontecesse, era só estar de “olho”
alerta para ver quando é que a família da dita saia de casa. Família fora, gato
na rua, pedra tirada do buraco do gato e, “m&ms” buraco adentro.
Noutro aspecto, para um impacto mais directo
nas garotas, que assim se comportavam, o autor arranjava latas da “Fanta”
vazias para onde urinava quando a vontade lhe provinha. Guardava a lata bem
guardada e, quando ele encontrava essas garotas a brincar com outras garotas e garotos
da mesma “laia”, em cima de um monte de areia que os pedreiros tinham despejado
ao lado de um balcão de cantaria que existia – já não existe – mesmo atrás da casa
dos pais do autor, ele procurava subir ao balcão sem que os outros garotos
dessem por ela e, aproveitando facto de, quem quer que fosse que tinha feito o
balcão, não era bruto não senhor.
É que, nas lajes superiores, a servir de
patamar de entrada, tinham escavado uma cavidade tipo “v”, para que a chuva
fosse por ali guiada e saísse para fora do balcão por uma espécie de caleira,
de modo a não ficar ali mesmo assente nas lajes. E, aproveitando esse factor, o
autor, como já se disse, tentava subir ao balcão sem que o vissem e, com um
miolo de pão centeio, bloqueava o “v” do lado das escadas para que qualquer
liquido, fosse ele água ou mijo, fosse desaguar – ou “desmijar” – no outro lado
mesmo por cima do monte de areia, onde os garotos e garotas “snob” se encontravam a brincar.
Assim munido do miolo do pão e da lata da
“Fanta”, subia, despejava a lata no “v” e, após isso,
“oh-pata-leve--do-pé-descalço-para-que-te-quero”, fugindo a toda a velocidade,
para que não se dessem conta de quem tinha sido. Uma outra “faceta” que o autor
quando jovem teve e tinha, era querer ser “terrorista” para se vingar de todas
as “afrontas” que alguns dos ricos lá da aldeia do mesmo, fizeram á sua
família.
E, com isso em mente, aproveitando o facto de que um dos seus irmãos –
aquele que tentou praticar de veterinário sem licença, conforme é mencionado nalgum
lado nas linhas deste livro – tinha uma caixa de chá “lipton” quase cheia de
“lenticão” que, naquele tempo, os “farrapeiros” que visitavam as aldeias á
procura de peles de coelhos, lebres, etc., procuravam muito devido a que –
constava-se – que o mesmo servia para fazer não se sabe que tipo de medicina.
Se servia ou não, para o autor, continua a ser uma incógnita.
O certo é e foi que, o autor “roubou” a lata
do chá “lipton” ao irmão, para o vender lá numa mercearia, a qual fazia
negócios com o “farrapeiro”. E, aproveitando a verba recebida, o autor gastou
tudo na compra de bombas de “S.João”, com a ideia de as poder juntar todas e
fazer uma bomba maior. E, apesar de, naquela ocasião,
ser bastante guloso, só gastou 25 tostões em rebuçados… mais, até, por causa
dos bonecos com figuras de jogadores de futebol que os mesmos rebuçados
traziam, do que propriamente pela gulosice. Tudo o mais, foi só bombas. Algumas
100 ou mais!
Assim, embora comprometido com o roubo feito
ao irmão dele mas, como era para uma causa comum, onde a dignidade da família
estava em questão, até nem se sentia muito comprometido – embora estivesse um
tanto ou quanto mas não muito – de modo algum queria chegar a casa dos pais,
carregando com tanta bomba e, por isso, decidiu abrir uma cova, colocar as
mesmas dentro de um saco de plástico que voava por ali – mais um – e, enterrou tudo
num local que, ainda hoje não sabe onde porque – pouca sorte dum cabrão,
confessou o autor – o terreno tinha sido vendido e, de repente, entrou uma
escavadeira, dando cabo do esconderijo das bombas.
Mas, como a ideia dele era poder juntar
muitas, para tentar dinamitar a casa lá do tal ricalhaço – não se diz o nome
por uma questão de segurança (?) – e, querendo comprovar que as mesmas bombas
não eram falseadas, meteu umas 10 nos bolsos para se certificar que
funcionavam.
Assim, sozinho em casa, de guarda – como de costume – ao caldeiro
com a vianda para os porcos – facto que é referido nalgum lado nestas linhas –
coisa que era uma tarefa diária – o autor decide experimentar e, vejam só –
abriu uma das bombas pelo lado oposto ao rastilho e, toca a deitar a pólvora
nas chamas da fogueira, por debaixo do caldeiro.
Que liiiiiiiiindo!
Aquilo tudo luminoso…
fazendo lembrar fogo-de-artifício!
Que coisa linda!!!
Bem, descoberto o “engenho” o autor decide
colocar todas as restantes 9 bombas, de “cú” virado para a lareira (?) – monte
de lenha a arder, debaixo do caldeiro, com a vianda prós porcos. A ideia, até
era boa mas, o resultado é que não, confirmando o que autor diz mais que uma
vez, no interior das páginas interiores deste livro que, “nunca por nunca ser”,
se deve colocar a intenção – por muito boa que seja – á frente dos resultados. Portanto,
tal como o autor esperava, cada das bomba devia de pegar fogo pelo lado de
trás, não utilizando o rastilho mas – há sempre um mas – o problema foi que, quando
uma delas se incendiou como devia…
QUE LIIIIIIINDO ESPECTáCULO!!!
A chama pegou fogo ao rastilho da bomba que estava
mais próxima e, “catrapum-pum-pum-catrapum-pum-pum--catrapum-pum-pum-pum!
Caldeiro a dançar, brasas pelo ar, vizinhos a gritar e, cama dos pais do autor,
quase a arder!
É que o raio da cama estava logo ali ao lado da cozinha, apenas
com uma cortinazinha feita de um lençol velho, com uns quantos buracos naturais
pela idade, e aqui e ali – mas lá na cortina (?) – uns sinais de algumas “assoadelas”
que, como é mais que lógico, não havendo muito mais opções para limpar “o
monco” que às vezes e bastas, aparecia no nariz dos mais novos – incluindo o nariz
do autor.
E, aquilo ali, mas lá na casa dos pais do autor, não só foi “QUE LINDO” porque, de facto, ia sendo o
lindo e o bonito porque, aquilo não ardeu tudo, porque os vizinhos vieram a
tempo. Depois disto, o autor crê que só apareceu em
casa, depois de dois dias, escondido
numa cabana lá numa horta de alguém, na encosta da serra da Gardunha, já depois
de ter pesquisado quantas árvores de fruto havia por ali nas redondezas –
nenhuma delas pertencentes á família dele.
Como resultado de tudo isto, o autor pareceu
aprender a lição ao ponto que, a tal ideia de querer ser “terrorista” aterrorizou-o
de tal ordem que, para constar, hoje é um homem pacífico que sabe perdoar ao
seu semelhante, excepto a quem o quiser “falcatruar”.
Defeitos
Segundo o autor, um dos maiores defeitos –
mas não o maior – por tudo que saiba e por tudo quanto nota, é o facto de um
dos seus 5 “membros”, nos últimos tempos ter-lhe dado para não “levantar
cabeça” tão assiduamente como era costume, o que irrita um tanto ou quanto o
autor mas, como às vezes até desperta sem estar a
contar com ele para nada… e atendendo á idade do “pobre”, até lhe perdoa esse
lapso.
Um outro defeito – mediano, segundo o autor
– é ser “teimoso” que nem um “mulo” principalmente quando ele “pensa” que tem
razão. Aqui, tal como um “burro” só á “arrochada” é que, de repente, quando vê
o arrocho no ar, muda de opinião. Não exactamente porque aceite de bom agrado,
mudar de opinião mas, sim, para não levar com o “arrocho”.
Agora, o chefe-ingrato-epidémico-constante, maior defeito, para que conste – diz o
autor - é a falta de dinheiro! Uma doença crónica muito antiga, para qual já tentou
todos os remédios e mais alguns, incluindo aquele dificilíssimo de aguentar ao
que muitos se referem como “trabalhar muito”. Sobre este último, diz o autor –
com justificação há que o dizer – que, desconhece tal remédio e que, se
desconheceu até aqui, não é agora aos 67 e picos de idade, que vai á procura de
saber se funciona ou não funciona. Assim entre muitos, mais um, experimento falhado.
Desporto:
Actualmente, o autor não pratica nenhum mas,
quando adolescente, o autor, conjuntamente com outros garotos lá da aldeia
dele, costuma praticar o jogo da “bilharda” – a descrever mais adiante – e do
futebol, embora, neste último, até fosse mais “jogo de caneladas” uns nos
outros do que jogo de futebol em si mesmo.
Passatempo:
O tempo passava, passando
Monótono, quase todos os dias
O autor passava-o brincando
Magicando várias “fantasias”!
Mas, antes de entrarmos directamente nos
pormenores de descrever qualquer “fantasia” que o autor inventasse, ocorre-nos
referir que, uma delas – entre tantas que o mesmo era propenso – imaginem só
para o que lhe havia de dar! Não é que ele magicou a ideia de ir praticando –
miniaturísticamente falando – a invenção de “foguetões tripulados”…isto muitos
anos antes do 1º homem ter chegado á lua!?
– “Vá, sai daí oh rapaz! – Aí entro eu”! –
Vá vai-te embora que a tua mãe está lá fora a tua espera”!
Tal com ouviram (?) o autor acaba de chegar e está a exigir
que a partir daqui seja ele e, camo tal, antes que ele se zangue comigo, aqui passo o
“teclado” ao autor porque ele faz questão nisso. Diz ele que quer ser ele mesmo
a fazer a sua própria descrição, afim de tornar a mesma mais directa – com
relato na 1ª pessoa. Assim… “xau”! - “Muchas grácias” –
respondeu o autor.
– “Olá a todos, sou eu”! O tal que “apixou”
o fogo á fonte do Vale…acendendo-o com água e apagando-o com palha!
Portanto, como o “rapaz” já foi embora,
agora sou que estou a cargo do que quer que seja que estou a cargo incluindo o
“teclado” e, dando continuação, sim , é um facto, conforme o rapaz
mencionou, eu tentei inventar um aparato que pudesse servir de guia para algo
mais avançado no futuro mas, como a pobreza era o que mais abundava ao meu
redor, então, não tive outro remédio que, usando as minhas mini faculdades
“intelectuais”, utilizar os produtos existentes no sector dos recursos
naturais, que “abundavam” em abundância, na região da minha aldeia que,
resumindo, resumo… tratar-se de “moscas, abelhas e feno bravo” 45. Tudo tem uma explicação
e, aqui a coisa era bem simples.
1) Onde existirem currais de porcos e de
outro gado qualquer, existem moscas.
2) Onde existirem moscas, existem abelhas.
3) E, onde existir “outro” gado além de
porcos, existe feno e, se possível “feno bravo” porque sempre sai mais barato
aos donos do gado. Assim, perante a presença de “recursos”
naturais em abundância, eu não me poderia queixar que não tinha com quê…para
fazer o que quer que fosse que planeava fazer. Mas o melhor é começar pelo
principio.
Deste modo, voltando ao tema do meu passatempo
– “traquinices”, que ao-fim-e-ao-cabo é origem do “caroço” de um dos temas – o
invento do foguetão tripulado – vou relatar um pequena história real, passada junto á casa que era
dos meus pais, hoje pertença de um dos meus irmãos.
Portanto, entre as várias traquinices que
fazia, incluindo o roubo do cântaro á tal garota – recordam-se? – por vezes eu
passa o tempo a brincar “aos foguetões” de abelha-mosca ou mosca abelha”! - Já
explico como é… e do que se trata. Outro passatempo, era jogar á bilharda e,
para fazer jus ao refrão de “os últimos são os primeiros” começo pelo último.
Assim, a começar pela bilharda, devo dizer
que é uma espécie de jogo parecido com ou quase o “baseball” americano mas que,
efectivamente, tem origens na minha aldeia – o Alcaide. De facto (?), a
“Bilharda” já existia muito antes do “baseball” existir. Só que, como em muitas
outras coisas, nós Portugueses, não protegemos as possibilidade de “patentear”
seja o que seja – neste caso específico, patentear o jogo da “bilharda” –
e, ainda por cima, por este jogo ter origens no Alcaide, isto começou a fazer
“macaquinhos” na cabeça dos americanos porque, Alcaide, tal como Al-Queida, soa
quase igual, embora o significado seja diferente – muito relativamente há que o dizer – porque, Alcaide significa “chefe” e
Al-Queida significa “base”.
Bem, mas para os americanos, inteligentes como
são (?), para eles é ou foi a mesma coisa. Então, eles, americanos, que
apregoam a toda a hora e aos 7 ventos que eles é que são os maiores, melhores e
mais poderosos – pois, com esta coisa a “zunir-lhes” no ouvido, ao ouvirem
“zuns-zuns” que, lá numa aldeia chamada Alcaide (Chefe) fundada por um árabe
(?) – oh… não!? – e que, ainda por cima, onde na mesma se praticava um desporto
“único” no mundo… eles, ao saber disso ditaram a sentença e… qual jogo nº 1 ou
qual quê?
Não senhor, uma!
Não senhor, duas!
E não senhor de uma vez…disseram alguns
“gringos” que andavam por ali – lá no Alcaide – a espiar, disfarçados de
“missionários” daqueles
do Utah ou, mórmons. E, tanto que assim foi que, antes que o Alcaide
enriquecesse muito – como enriqueceu o Bin-Laden – com essa coisa do jogo da
“bilharda” eles – americanos – resolveram desenvolver a coisa, transformando-a,
no que está transformada. A “doidice” nº 1 dos americanos – embora haja a nº 2
, a nº 3, a nº 4 e a nº 10 porque… a nº 11, é quererem dominar o mundo!
Aqui, pelo que podem ver, eles – americanos
– até (?) nem são muito ambiciosos porque o domínio do mundo, está em 11º lugar
que, pelo andar da carruagem, deve ser o lugar onde o Sporting vai terminar o
campeonato. Neste ponto, nem importa mencionar que campeonato
porque – factos são factos – nos últimos anos, tem sido quase em todos os
campeonatos. E, na realidade, pela forma de jogar, poderá ou poderão ser os
campeonatos dos próximos 10 anos.
Mas, deixemos os americanos e o Sporting em
paz, para ver se eles – americanos – nos deixam em paz a nós também, e para ver
também, se o Sporting nos surpreende com algum “brilharete”. Sonhos parvos mas,
sonhar não é pecado nem crime. Mas vamos á “bilharda”.
Primeiro – há que dizer que se trata de um
jogo de pobres e, se possível, quem o jogar deverá utilizar calças esfarrapadas
devido a que, o cair, não só é certo como é absolutamente garantido! E isto
porque se, se levar calças novas – ou já assim não tão novas e ainda não
esfarrapadas – já sabe que, aquele que as esfarrapar a jogar á bilharda, quando
chegar a casa poderá vir a ter “ceia” – ou almoço se não forem muito pobres
como nós eramos… mas que, lá pelo facto dos meus pais serem muito pobres, lá
isso de deixar os filhos ir p’ra a cama sem ceia… oh… lá isso não! Podia não
haver almoço – que era o menu do dia-a-dia – mas ceia havia sempre. Composta de
quê (?), isso agora até nem importa pro caso.
Mas, como dizia eu antes, se o garoto –
porque isto efectivamente é um jogo de garotos – jogador da “bilharda” rasgar
as calças enquanto joga, a ceia dele poderá vir a ser “sardinhas” de 5 rabos”
nas trombas! E eu até sei muito bem o que isso é porque… bem não adianta contar
por agora.
Também é recomendável jogarem descalços.
Claro, no meu tempo, não era preciso tal recomendação porque… bem já
adivinharam (?), até á missa eu ia de pé descalço. Mas, esperem aí! Eu ia á
missa de pé descalço… mas – há que o dizer – de pés lavados, esfregados com uma pedra e tudo, por uma questão de respeito e,
principalmente, para que uma “tal garota que me andava cá a moer a miolinha”,
não pensasse “coisas” a meu respeito. É que eu, até podia ser pobre 46 –
e era – mas também era muito asseadinho! Tão asseadinho, tão asseadinho que –
garanto-lhes – nunca “fiz nada” nas cuecas!
Bem, deixem-me explicar!
Primeiro – porque as não tinha e, segundo,
porque eu usava “bibe” com uma racha atrás e uma racha á frente. Mais adiante
explico melhor. Por agora, vamos ao jogo da “bilharda”.
Descrevendo o jogo!
Para começar, precisa-se de se arranjar duas
“trancas”, ou dois paus, ou como lhe queiram chamar. Até pode ser só ser só uma
tranca, desde que seja comprida mas, o melhor é arranjar dois pedaços. Um, mais
ou menos de palmo e meio e, outro, mais o menos de um metro e picos. O picos… é conforme altura de cada garoto
mas, deve ser do comprimento apropriado para que, o jogador que o vai a usar,
se sinta á vontade no uso dele, na missão que lhe é destinada.
O primeiro pau, que seja mais “grosso” que o
outro e, o outro que seja mais “miúdo” que o primeiro. Então, com uma faca ou
uma navalhas dessas que os pastores usavam, afim de “trabalhar a torga” para
fazerem bugalhos para jogar ao bugalho, afia-se o primeiro pau, bem afiado dos
dois lados, ficando o mesmo com dois bicos.
Previamente, se o segundo pau não tiver uma
curva no lado da ponta mais grossa, deve tentar fazer-se uma pressionando o pau
contra qualquer coisa – excepto contra as minhas costas – deixando o pau lá
naquela coisa por uns 8 dias – que é o recomendado – para ganhar uma aparência encurvada,
tipo… mas não tanto, como aquela coisa de jogar o hóquei-patins ou o outro.
Todos os jogadores, que até podem ser 20 – desde que não façam muito barulho (47) – devem ter “pau” porque,
como já disse, este jogo efectivamente, é só para machos.
Assim, tendo tudo pronto, procura-se uma rua
onde não haja casas com janelas ou, se houver casas com janelas, que as janelas
não tenham vidros inteiros. Ao mesmo ou simultaneamente, antes de começarem a
jogar, devem inspeccionar a vizinhança, para se certificarem se por ali não
haverá algum ou alguma “coscuvilheiro/a”, no caso de… deixem-me acabar de
explicar…
É possível que, a maioria dos donos ou donas
das casas, tenha abalado cada qual para a sua horta e que, como tal, só irão
regressar á tardinha. Mas, se por acaso, por ali ficar alguém que possa vir a
dar-se conta – isto por se acaso a “bilharda” for bater no vidro de alguma
janela que ainda tenha vidros inteiros – aqui entra em acção aquela coisa do: “pé-da-pata-descalço-para-que-serves-tu-se-não-parazarpar-a-toda-a-velocidade-antes-que-o-do-no-da-casa-possa-vir-ou-antes-de-alguém-assomar-a-cabeça-á-janelaa-ver-a-origem-do-barulho-do-vidro-partido-e-vá-contar-
ao-dono-da-casa-cuja-janela-foi-atingida.
Mas, assumindo-se que tudo está em ordem, há
que seleccionar quem é que joga primeiro. Aqui, claro, como isto é um jogo de
garotos e, como tal, creio que ninguém vai levar a mal se eu disser o que vou
dizer e, atendendo a isso mesmo, quem tiver a “pilinha” maior é que joga
primeiro. Aqui, neste momento, as meninas que estiverem presentes, deverão
tapar os olhos ou virarem-se de costas para os rapazes. Mas, se taparem os
olhos, não vale fazer batota, espreitando pelo meio dos dedos. Isso é ilegal!
Claro, as leitoras que estiverem a ler esta
secção, podem continuar a ler porque não irão ver “pilinha” alguma só com o
estarem a ler. Sim, sim… já sei que até podem imaginar! Mas, o facto é que, eu
não tenho culpa alguma que imaginem porque, para imaginar, não se precisa de
ler nada. Basta pensar no assunto.
Mas, estando aqui agora com as mãos na
massa, vem--me á memória aquela coisa que, quando garoto, juntamente com outros
garotos, íamos para “as ladeiras” – um sítio lá na minha ladeia – a fazer
exactamente isso de…mostrar as “pilinhas” uns aos outros, mesmo que não fosse a
jogar á “bilharda”. Até porque ali o terreno não dava para isso, por ser muito
inclinado.
Então, recordo e bem que, numa dessas vezes,
um dos “traquinas” com mais idade, se saiu com uma “dica”, dizendo que tinha
ouvido dizer que, pondo leite de figueira na “glande” da “pilinha”, fazia
engrossar e crescer. Eu, ali, que até sou muito moderado nestas coisas, ao
ouvir o que ouvi, olhei logo ao redor para ver se via alguma
figueira. Não vi mas, na 1ª oportunidade… “oh diabo… aiiiiiiiiiiiii”, que ainda
hoje me arrepio todo, só de falar nisto, tais eram as dores que senti com tal
experimento!
Mas, tal como digo nalgum lado nestas
linhas, a mim quem me a faz, paga-ma. Deste modo, antecipando a oportunidade,
roubei um quantos “torrões” de açúcar branco, á minha mãe, embrulhando cada
torrão em separado. Aos mesmos, juntei um torrão de “potassa” e, quando apanhei
o da “dica” a jeito… juntamente com outros garotos, dei um torrão de açúcar a
todos – só faltaram dois – guardando o torrão da
potassa – que até tinha sido embrulhado com um papel diferente para o reconhecer
para dar ao tipo e… záz… depois de lhe o dar, só esperei que ele o metesse na
boca para eu “zarpar” a toda a velocidade. Só ouvi ele praguejar algo mas, como eu também tinha praguejado, respondi-lhe… –
“Cá se fazem cá se pagam”. “Toma que é para almoçares, cabrão”!
Fiz isto, mais até para que ele não se
tivesse andado a gabar da façanha durante a semana toda, depois de ter tomado
conhecimento do que me tinha sucedido.
Mas, continuando com a bilharda, e como
dizia antes, todos os garotos têm que mostrar a “pilinha” uns aos outros e
todos terão que votar naquele que a tiver maior. E, por isso mesmo, é que disse
antes que isto era um jogo de machos porque, Deus me a mim livre, de eu mostrar
a “pilinha” a uma menina! Eu nunca (?) me atreveria a fazer uma coisa dessas! Pelo
menos em público! Não é por nada, mas por muita coisa!
Uma delas era e foi que, eu bem lembro que,
o “bibe” que eu usava, tinha uma “racha” atrás, e uma “racha” á frente também,
á cautela do que quer que fosse porque, nestas coisas de garotos, vale mais
prevenir do que remediar.
Então, recordo perfeitamente, que eu estava
agachado a ver se apanhava um “mosca” para fazer um foguete (?) – depois
explico – quando uma garota minha vizinha se aproximou de mim, apontando o dedo
indicador… acabou por dizer… “Eu sei (?) para o que é que aquilo serve”! Ora,
estando eu ali, prestando toda a atenção á mosca, nem me apercebi bem ao que
ela se estava a referir. Com isto, de repente, a puta da mosca voou e, foi
então que eu me concentrei no que é que a garota tinha dito. Pergunto.
“Isso o quê”?
Então, o raio da garota, aponta com o dedo
para o local onde estava dependurado um pedacinho insignificante de carne,
saindo do meu bibe, pela “racha” da frente. Eu, envergonhadíssimo, lá tapei
mas, por uma questão de curiosidade, uma vez que eu sabia muito bem para que é
que aquilo servia, disse-lhe. “Eu também sei muito bem que serve para fazer
“xixi”!
Volta o raio da garota, a sair-se com esta…
– “Mas também serve para brincar aos meninos”! – “Ups”… o que é que tu
disseste”? – pensei eu baixinho, porque eu estava ocupado. É que, na realidade
estava ocupado porque, quando ela disse o que disse, tenho que confessar, que
me apanhou desprevenido. Contava com tudo, menos com aquilo que ela disse! Raio
da garota, a distrair-me do meu afazer que, era e continuou a ser, tentar
apanhar uma mosca para fazer um “foguete” de abelha!
Voltando a esta coisa do “bibe” ter uma
racha no lado da frente, se bem que a ideia inicial até fazia a sentido – como
que uma espécie de prevenção para o que acaso acontecesse – o certo é que,
ainda bem me lembro que, numa outra ocasião, estando ali na mesma a ver se apanhava
uma mosca – porque, na realidade, aquilo era um passatempo quase diário – o tal
pedacinho insignificante de carne, chamou a atenção de uma abelha e… záz, qual
brincar aos meninos qual quê?! A puta d’abelha, espeta o ferrão mesmo na
pontinha, daquela polegada e meia de carne ali dependurada – vá lá vá lá que
não foi á “glande” – e, eu com umas dores dum raio, gritando “ai, ai, ai, aiiiii” de dores… piores ainda que
as causadas pelo leite da figueira que, agora já passados tantos anos, nem me
recordo quantos “ais” eu gritei. O certo é que, passado algum tempo, a pontinha
daquele pedacinho de carne, parecia um trambolho.
Agora, imaginem os leitores – e as leitoras
também – se isto, ou seja, se aquilo que me aconteceu naquela ocasião, me
acontecia hoje?! Se tal me acontecesse hoje, a pontinha (?) não ficaria como um
trambolho mas sim como um “trambolhozão” e, ainda por cima, tinha que aturar a
minha mulher – desconfiada como ela é! – tentando saber onde é que eu tinha andado,
para ter “exposto aquilo” á atenção de uma abelha!
O raio da mulher! Ainda se tivesse “exposto
aquilo” á atenção de alguém, vá lá que não vá… mas, agora uma abelha!
Francamente, não sei porque é que a minha mulher há-de ser tão desconfiada!
Eu, com umas dores (?) dum raio – na ocasião – e ela a desconfiar de
mim ainda hoje! Que dores terríveis senti eu… e logo ali naquele sítio!
Bem, sobre a minha mulher, eu só estava a
dar um exemplo porque, lá nisso, ela até nem tem de que se queixar muito, porque
eu até sou bom rapaz. Não vou á missa, mas tenho cá as minhas regras. Uma delas
é… só se não puder poder “podêr” mesmo!
Ainda hoje me arrepio todo ao pensar nisso,
recordando o estado “físico” em que aquilo – a pontinha – ficou, parecendo como
um trambolho! Eu ainda me lembro bem que, enquanto o inchaço do “trambolho” não
abaixou, eu fazia “xixi” por dois lados e, para baixar o inchaço, até uma faca
da cozinha foi usada.
– “Uma faca? Perguntar-me-ão os leitores! –
“Sim… uma faca”! Mas não se aflijam os leitores e leitoras porque, a faca não
foi usada para cortar aquela espécie de polegada e meia de “linguiça” verde (ou
por secar). Na realidade, a faca foi usada como alternativa á falta de gelo,
fazendo jus aquele ditado que diz… “quem não caça com cão, caça com gato”. E,
como não havia gelo,
usou-se (usava-se) o “frio” da lâmina de
aço, do qual a faca era feita. Se não era aço era ferro. Que cortava, cortava
e, que a lâmina era fria, era. Deste modo, usou-se o “frio” da folha da faca,
para colocar em cima da pontinha “daquela coisa”, na tentativa que o inchaço
baixasse.
Mas, voltando á garota! Ali, apanhando-me
desprevenido como já disse e, como entretanto, tinha poisado outra mosca mesmo
ali a jeito eu, com o máximo de cuidado, usando a minha mão direita que é
aquela que me dá mais jeito para certas coisas, incluindo apanhar moscas…
zzzzzzup, consegui agarra-la.
Portanto, já com a mosca agarrada, viva e
tudo, agarro numa palhinha de feno bravo bem fininha e espeto-a na mosca. Pego
na palhinha com a mosca na ponta, e aproximo-me do local onde, na véspera,
tínhamos despejado espinhas e cabeças de sardinhas assadas (poucas, porque a
minha família era muito pobre, mas lá estavam os
restos) onde voavam algumas abelhas, atraídas pelo
cheiro da sardinha. Ou por outra! Atraídas
pelo cheiro dos restos das sardinhas. Então, uma das abelhas, poisa em cima da
ponta da palhinha onde estava a mosca espetada e, “aí vai um foguete de
mosca-abelha” pro ar! Começou assim e desta forma, a ideia dos “foguetões”
tripulados. E a coisa repetia-se pelo dia a fora,
dia-a-dia
Nota: Ainda hoje não sei o que é que as
abelhas têm contra as moscas. Do meu lado sei, porque são chatas como um raio,
principalmente quando caíam duas juntas – a fazer não sei o quê – dentro do meu
prato da sopa – único sustento do dia. Se ficasse com fome, pois “tire as moscas
fora e cale as trombas pingente de merda” – diziam os mais velhos!
Convém agora aqui referir que, esta coisa do
“foguete-abelha-mosca ou mosca-abelha” foi o que deu origem á ideia dos
foguetões tripulados, como já foi dito. E, convém também referir que, com isto,
lá foi mais uma ideia que, os americanos “arrancaram” ao Alcaide. Creio até
que, a raiva deles contra o “Al-Queida” já remontava a esses tempos.
Portanto, a ideia do foguete “mosca-abelha”, já está explicado.
Agora, voltando á “bilharda” – reparem bem
que o nome “bilharda” até tem algo a ver com a “pilinha” dos garotos porque,
uma vez, já com um pouco mais de idade, embora ainda garotos, quando um dos
mesmos – eu não porque, lá nisso, sou muito moderado, tanto na conversa como no
resto – e, perante a opção de ter que se saber quem é que jogava primeiro á
bilharda – como dizia eu, um dos mesmos garotos, mostrou a “pilinha” dele aos outros,
como todos os outros tiveram que fazer o mesmo de um a um, para se saber qual
deles, entre todos, tinha a pilinha maior. Já disse antes que isto da
“bilharda” é um jogo de machos. E, como já disse antes também, aquele que
tivesse a “pilinha” maior é que jogava primeiro. Então um dos outros, ao ver a
pilinha do Tonito, exclamou… “eh pá, o Tonito tem quem uma “bilharda”!!! Daí, o
eu dizer o que disse.
Mas, vamos ao jogo.
Seleccionado o primeiro garoto, este pega no
“sua tranca ou no seu pau” – aquele que tem a curva na ponta e não no outro – e
tenta bater na “bilharda”, tentando ver se lhe bate certeiramente em cheio, na
zona-secção de um dos bicos afiados, para que a “bilharda” gire tipo “hélice”
de avião” – ou “spin-around”, como se diz em inglês – da direita para a
esquerda ou vice-versa, dependendo de que ponta da “bilharda” foi atingida.
O toque não deve ser com força de “bruto”
mas sim, deve ser um toque suave, certeiro, de modo a que a “bilharda” seja
elevada uns palmos acima do solo e, aproveitando o movimento rotativo da mesma
– isto tem a sua ciência, não pensem lá que não tem – e mais uma vez a
comparação com o “baseball” vem á baila – o jogador deve tentar dar uma
cacetada bem dada enquanto a mesma está no ar – baseball á vista! – de modo a
que esta vá parar o mais longe possível.
O segredo nesta coisa toda – enquanto se é
novo – é saber dar a 1ª e a 2ª “trancadas" bem dadas. Principalmente a 2ª, deve
ser dada de modo a que a trajectória da “bilharda” siga no enfiamento da rua
onde estiverem os garotos a jogar, afim de evitar que a mesma vá contra a parede
de alguma casa ou, pior ainda, contra alguma janela com vidros.
Doutra forma, como já disse, se partirem
algum vidro, pirem-se o mais rápido possível antes que alguém venha a ver e
diga ao dono da casa com a janela do vidro partido.
Agora, alguns pontos a aclarar.
1) A descrição do jogo já está feita.
2) Resta saber que tipo de prémio é dado ao vencedor.
Aqui, por tudo quanto sei, quando alguém
ganhava ao jogo, os outros mandavam-no a que fosse jogar “ao pau com os ursos”!
Se isto é que era o prémio não sei, porque eu nunca ganhei. Mas, o que sim sei
é e foi que, com aquela coisa da tal garota dizer que sabia para que é que servia
“aquele pedacinho insignificante de carne, que ela estava a ver ali
dependurado” a sair através da racha da frente do meu bibe, confirmei o facto
já mais tarde, quando trabalhava numa taberna-carvoaria, em Lisboa. Acaso recordam-se
de eu ter mencionado isso, não recordam? Assim foi!
Ora, foi ali – na taberna-carvoaria – que
alguém me deu um par de calças usadas que, devido á minha pobreza, aceitei sem
pestanejar e, até disse muito obrigado e tudo. E, friso este ponto porque,
conforme é referido nalgum lado nestas linhas, lá na minha aldeia, a frase
“muito obrigado” não se usava nem usa (creio eu) lá muito, embora já vá sendo
usada aqui e ali.
Se bem se devem recordar, lá na minha
aldeia, quando alguém tem motivos para agradecer a alguém, quase sempre diz
“muito bem-haja” e não muito obrigado. E, aqui, mais uma vez, fica demonstrado
que eu até tenho “queda” para aprender idiomas, tal com é referido nalgum lado
no interior destas linhas.
Mas, voltando ao par de calças que me deram,
as mesmas eram muito largas e “á boca-de-sino” e, como nunca gostei de tal
coisa e, aproveitando o facto que, um dos clientes da taberna-carvoaria, era
alfaiate, eu aproveitei para falar com ele se me podia dar um jeito “naquilo”.
Ele disse que sim, e lá vou eu a casa dele.
O resto da conversa, já foi contada e, como
tal, não vou repetir. Recordam-se dele me perguntar “de que lado é que eu usava
a “ferramenta”? E recordam-se também da minha resposta á pergunta dele? “Que eu
não tinha ferramenta alguma, “blá, blá, blá”, ao que ele respondeu “oh rapaz…
“a ferramenta” a que eu me refiro, é aquela coisa que as meninas gostam muito
para brincar aos meninos”?
Portanto, como dizia, ali naquele preciso
momento, fez-me lembrar a tal garota que estava a apontar o dedo para onde
estava apontar, dizendo o que dizia ali, naquele momento, quando eu estava
ocupado a tentar apanhar uma mosca. Há coisas “d’um raio”!
Porque é que o “raio” da garota, me havia de
estar a distrair num “raio” de um momento daqueles, por causa do “raio” de uma
coisa tão insignificante – naquele tempo – que estava dependurada onde estava,
a sair para fora do “raio” da racha do “raio” do bibe?
Francamente! Havendo tanta coisa mais
importante na minha mente, que era a “invenção” do 1º mini “foguetão tripulado”
– usando como experimento uma mosca e uma abelha – lembrem-se que eu era pobre
– e vem-me ela, com aquela!
Portanto, com isto tudo, distraí-me e não
fiz o registo do meu invento e, como tal e como sempre, lá vêm os americanos a
tirar vantagem do meu experimento. Não chegava já o caso da “bilharda” que, com
origens a na minha aldeia, o facto é que não é invenção minha. E, para finalizar,
e como dizia acima que tinha que aclarar alguns pontos,
permitam-me aclarar o seguinte.
Aquela coisa dos americanos “copiarem” a
ideia da “bilharda” – grandes ladrões! – para a transformarem no “baseball”,
utilizando um disfarce que, só um bom observador é que se dá conta, está-me
aqui atravessada no “goto”.
Vejamos a semelhança entre os dois jogos –
“Bilharda versus Baseball”.
1) Ambos começam por um “B”.
2) O pau-bilharda, foi substituído por uma
bola.
3) O pau-tranca-cacete, encurvado numa das
extremidades, foi substituída por outro pau que, em vez da curva foi adelgaçado
num extremo para se poder agarrar bem com as mãos enquanto no outro lado é mais
grosso.
Agora vejamos a semelhança entre o Foguete
“mosca-abelha” vs. Foguetão tripulado”
1) Alfabeticamente, não existe nenhuma. Aqui
não há hipótese de se poder reclamar.
2) Combustível: Foguete = mosca (sólido) – já há uma
hipótese.
Foguetão
tripulado = Na maioria, sólido.
3) Motor: Foguete = abelha
Foguetão tripulado =
Emaranhado de peças.
4) Estabilidade: Foguete = palhinha
Foguetão tripulado
= Corpo adelgaçado,
tipo "palha-grossa"!
Portanto, como se vê, embora nalguns
aspectos não se note completamente a semelhança, o facto é que, há muitas
“violações” baseadas somente nas ideias que… alguém algum dia teve, num momento
de inspiração. Deste modo, embora para mim e para os alcaidenses já seja tarde
para reclamar (?) qualquer direito de invenção, aqui fica o aviso para que,
seja o que seja que pensem fazer – ou ter ideias em fazer – escrevam tudo em
papel de boa qualidade, não vá dar-se o caso que a tinta “mareie” – como mareou
naquele tempo em que eu fui registado após o meu nascimento – recordam-se disso,
relatado mais atrás? – notarizem o que quer que seja que escrevam no papel para
que, quem sabe se, num futuro próximo, não vamos ter um inventor natural do
Alcaide.
E, digo isto porque – voltando á carga – se
o pessoal lá do Alcaide – eu incluído – tivéssemos registado a “patente da
ideia”, talvez os americanos fossem obrigados a pagar bem pago pelo roubo (?)
da mesma ideia. Só que, pelo passado dos mesmos, seria o mesmo porque, eles quando
roubam qualquer coisa, já é com intenção de não pagarem.
***
Chegado aqui, penso já não ser sem tempo…
aleluia, aleluia… cheguei ao fim da narração de certos episódios reais,
entremeados aqui e ali, com umas “salpicadela” de alguns episódios fictícios
que, como tal, não são reais, tal como tive a oportunidade de referir, no
início do começo destas linhas.
Nas páginas finais, o leitor encontrará uma descrição
sobre o que são factos “factuais” e o que são factos “menos factuais”, em ambos os casos,
descritos de uma forma pouco comum, usando um pouco de humor, na tentativa
honesta que, a leitura destas linhas, possa ter sido um tanto ou quanto
humorística – pelo menos no meu ponto de vista.
No entanto, é possível que, pela forma como
descrevo cada episódio – ao tentar “infiltrar-me” completamente dentro dos
mesmos – não me dê conta de alguns excessos de pormenores ou, quiçá,
descuidar-me noutros. E, se isso acontecer, juntamente com as minhas desculpas,
agradeço que compreendam, por esse lapso.
Espero e
faço votos, para que, qualquer possível falha, possa ser visualizada e compreendida
de modo a ter sido possível que, a leitura deste livro lhe tenha proporcionado
uns momentos agradáveis e animados porque, na realidade, essa foi e é, exactamente,
a minha intenção.
Não se esqueça que, “RIR, DÀ SAÚDE”!
Espero que tenham gostado e, neste momento,
convido-os para lerem “o tal poema” que refiro antes, dedicado a uma tal garota
lá da minha aldeia chamada Alcaide.
Quer dizer!
Chamada Alcaide… a minha aldeia e não a tal garota…
cujo nome, por uma questão de privacidade, é melhor ficar em suspenso, embora
saiba que, com isso, poderei vir a criar uma “arrelia” á minha mulher que, por uma
força, quer saber. Só que eu, por uma questão de princípio e, por teimoso como
que sou, não digo, até para evitar que o marido dela – da tal garota, hoje já
mulher adulta – venha a saber e, quem sabe se não me daria uma “sacholada” bem
dada na cabeça, á moda de computadora moderna.
Ráááááááápida e precisa!
E, para que conste, para evitar ciúmes dos
dois lados da “fronteira dos amores”, o certo é que, no sentido intimo, nunca
toquei na “garota” em questão. Espero e desejo que, se algum dia o nome dela
vier “á tona da água” possamos encarar este episódio do passado, como pessoas
civilizadas e fazer um brinde juntos, á saúde das duas
famílias, das quais – ela e eu – fazemos parte. Desejo-lhe muita saúde na
companhia do marido e dos filhos – se os tiver – e, quem sabe se, netinhos
também. Que todos vivam felizes e por muitos e longos anos, tal como desejo
para mim, na companhia de minha mulher, minha filha e meus netinhos.
Por último, e a título de cortesia às
possíveis leitoras, permitam-me referir que, embora o poema em questão fosse
escrito “a pensar na tal garota” da minha aldeia, o certo é que, o mesmo
poderia e pode muito bem ser dedicado a muitas outras lindas garotas que
“florearam e florescem”, cresceram e crescem, lá na minha aldeia. Desta forma,
acrescento a dedicação do mesmo, a todas as mulheres do Alcaide, bem como a
todas as mulheres em
AMOR INCONFESSADO
(Por: Mário Tito)
I
Quando via aquela garota
Marota
De olhar traquina
Que me cegava, por tão rabina
Seu olhar…quase me chamava”
De pele trigueira e morena
De tamanho, era pequena
Mas, grande brilho nos olhos
Profundos e negros
Como a cor de seus cabelos
Voando no ar, ao vento
Todo o tempo
Enquanto-que, meu coração
Saltitando, sofrendo
Batendo
Apressadamente
Fervente
Para, meus olhos regalar
Tentando, avidamente
Sempre...
Para, com “ela” me encontrar!
II
Mas, chegado o momento
Estivesse, como estivesse…o tempo
Falho de ideias e de palavras
Quando tentava eu falar
Ao, com ela me cruzar
Com minha face ardente
Muito quente
De repente
Sem saber bem o Porquê…
Deixando-me assim.
A “sua mercê”
Ela, desviando-se
Sorrindo, sorrateira
E de que maneira
Esguia
Como uma enguia
Furtiva, mas muito bela!
De que beleza era a dela (?)
Fugindo do meu alcance
Pondo duvidas, assim
Ao meu “solo” romance
Que eu sonhava em fantasia
Vinte e quatro horas, talvez, por dia
Nela, sempre a pensar
Que sim
Que era ELA
Aquela
Com quem, eu, queria casar!
III
Fosse ela o que fosse, mas que fosse Ela!
Porque, se só fosse uma miragem
Eu, não iria ter coragem
De Poder vir a perdê-la
Quão importante era vê-la
A Ela, morena
Pequena
Alegre como a alegria
Galante
E, muito Radiante!
Quase como a luz do Sol
Aquela que eu queria
Noite e dia
Que fosse minha eterna amante
Aquela que eu precisava de ter
Que
Tal, como a luz do Sol,
Cega
Mas precisa-se dela.
Para se viver!
IV
Que fosse ela
Aquela
De caminhar airoso
Com “bamboleio” jocoso
Diria até, um tanto ou quanto vaidoso
Talvez, por saber, que bela era
E, que, “outros” como eu
Estavam à espera
Do “SEU sim”, vir receber
E, eu, assim sem saber
Sonhando, mesmo acordado
Por um amor inconfessado
Parti p’rá vida, p’ra qualquer lado
Outras paragens, outro destino
Deixando a “terra-berço de menino”
Perdendo-a a ELA e, outras coisas mais
Para jamais
Voltar a vê-la nos arraiais
Daqueles que, como tantos tais
De festas da terra, quando pequenino!
V
E, quer de noite quer de dia
Desde então, nunca a esqueci!
Mas, como nunca mais a vi
Jà com o destino traçado
Virei-me pra outro lado
Encontrei outra companheira
Que amo, á minha maneira
Á qual, sempre quis e quererei
Mas que, sem saber o que fazer
Não querendo “fazê-la” sofrer
Dela, sempre escondi
O amor que, pela outra, um dia senti!
*
Feliz será o que ama.
Felizardo será o que é amado!
***
A terminar, não havendo nada mais de realce
a realçar, resta acrescentar que eu até talvez pudesse vir a ser um filósofo,
se eu tivesse nascido numa família mas abastada mas, como folosóficamente disse…
“não sei que filósofo que, ao contrário do sábio, não sabendo que sabia, aventurou-se a dizer o que pensava saber e,
sem saber o que dizia, acabou por ficar a saber que, aquilo que dizia sem saber,
era aquilo que sabia". Daí que, quando eu digo o que digo, é porque...o
que digo é o que sei. Por fim,
após 1275 dias, cheguei ao fim. Aleluia! Espero que se tenham divertido.
Muito obrigado, por me terem aturado e, até ao próximo!
***
Notas de
rodapé, nas páginas do livro:
41) -
Sim, já sei que ainda não tenho idade mas, a
ideia, é para o guardar para quando a tivesse. 42) - Foi bom o autor ter chegado, para
corrigir este ponto porque se eu não emendasse, ele ainda me dava algum
"açoite"!
43) -
Segundo versão
“mitológica”, os médicos cubanos quando têm dúvidas sobre a cura de algo numa
perna ou num braço, optam pela amputação, para resolverem (?) o assunto de uma
vez por todas sem ofensa.
44) -
Lá nisso e noutras
coisas, o autor era muito “asseadinho”.
45) -
O feno bravo não é
um insecto, como a mosca e a abelha.
46) -
O termo “poder ser
pobre” é enganador porque, o que eu não podia ser era rico. E, se para ser
pobre, fosse preciso pagar, tão-pouco eu podia ser… tal não era a nossa
pobreza.
47) -
Há pessoas que
acreditam em milagres. Eu não.
Fim do
IX Capítulo